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Cem policiais indiciados após devassa no Detran-MG

09 de Jan de 2025 | 10:00h

Cem policiais indiciados após devassa no Detran-MG O caso corre em sigilo na Vara de Inquéritos da capital. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que deve ser aberto um processo administrativo contra cada policial indiciado para apuração interna dos fatos. Mais de cem policiais do Detran de Minas foram indiciados por crimes contra a administração pública. Dentre os suspeitos estão investigadores, 50 delegados e até o atual chefe do Departamento de Trânsito, Oliveira Santiago. Prevaricação, corrupção ativa e passiva e desvio de dinheiro (peculato) são algumas das práticas ilícitas identificadas. A investigação, de autoria da Corregedoria da Polícia Civil, foi concluída e remetida à Justiça no início desta semana. Os crimes teriam sido cometidos por volta de 2003. “É um inquérito muito delicado, que envolve vários suspeitos e inúmeras testemunhas a serem ouvidas. Por isso a conclusão demandou mais tempo”, explica o Corregedor Geral da Polícia Civil, Renato Patrício. Sem sair do lugar Fontes ouvidas pela reportagem, e que pediram anonimato, garantem que o desvio de diárias para viagens motivou a investigação. Muitos dos servidores que assinavam documentos pedindo verba para aplicar exames de direção em cidades do interior sequer participavam das bancas. Até delegados embolsavam o valor ilegalmente. Hoje, a diária de um delegado gira em torno de R$ 700. Apesar de estar ciente do indiciamento, o chefe do Detran-MG negou ontem participação no desvio de dinheiro. “A preocupação é saber o que foi apurado. Não posso falar de um inquérito a que não tive acesso. O que posso afirmar é que nunca recebi honorário por banca nenhuma”, alega o delegado Oliveira Santiago. Em 2002, ele chegou a ser ouvido como testemunha em um inquérito sobre o caso. Na época, Santiago era chefe do Centro de Processamento de Dados do Detran-MG. Segundo fontes da Polícia Civil, a corregedoria da corporação teria deixado o episódio de lado, e a retomada do inquérito pegou a todos de surpresa. No Departamento de Trânsito, a investigação já é conhecida como “lista negra do Detran”, e a apreensão é geral em torno de quais policiais e delegados foram indiciados. “Já pedi meu advogado para se inteirar dos fatos. O que sei é que todo mundo que trabalhava lá na época foi”, afirma o chefe do Detran. O caso corre em sigilo na Vara de Inquéritos da capital. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que deve ser aberto um processo administrativo contra cada policial indiciado para apuração interna dos fatos. Rombo de milhões de reais pode continuar A quantia vultosa que teria sido desviada de forma ilegal no esquema não foi divulgada. Mas quem trabalhou no Detran-MG na época em que os desvios eram prática usual garante que a cifra está na casa dos milhões. Fontes ouvidas fizeram questão de frisar que a atividade ilegal ainda não pode ser considerada extinta no departamento, já que a fiscalização seria falha. Apesar de o assunto ser o motivo central das conversas entre policiais, e não apenas os do Detran-MG, integrantes da alta cúpula da Polícia Civil alegam desconhecer o assunto. É o caso do superintendente de Investigações e Polícia Judiciária da corporação, Jeferson Botelho. Procurado pela reportagem, ele alegou não estar ciente dos fatos. No fim de novembro, a Corregedoria da Polícia Civil realizou operação contra uma quadrilha que obtinha carteiras de habilitação de forma ilícita, principalmente no Vale do Jequitinhonha. Sete pessoas foram presas. Dentre elas, um investigador da Polícia Civil e um técnico-administrativo do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG). Vários documentos falsos foram encontrados com os suspeitos. Assunto tratado “com discrição” Os dados relativos ao inquérito conduzido pela Corregedoria da Polícia Civil ainda são mantidos em sigilo. Há apenas a confirmação de que cerca de cem policiais foram indiciados. Fontes dão conta de que o número total de suspeitos de cometer crimes contra a administração pública gira em torno de 150. Desses, 50 exercem, ou exerciam, a função de delegado. A assessoria da Polícia Civil alegou não ter acesso à quantidade de policiais citados no inquérito. O chefe da corporação, Cylton Brandão, não foi localizado para falar sobre o assunto. Segundo a assessoria, ele estava fora de Belo Horizonte. Fonte: HD Via Gazeta de Araçuaí


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